O ser humano é um bicho esquisito mesmo, né? Nunca está satisfeito. Tem essa carência de sei-lá-o-quê que não o permite desfrutar dos louros já colhidos, das bênçãos já alcançadas. Assim que alcança uma meta, já está de olho na próxima.
E era assim que eu estava cá com meus botões, pensando nas tantas coisas que eu queria fazer em 2014 e não consegui. Pensando nos meus dias desocupados (sim, desocupados e ocupados ao mesmo tempo, depende da sua definição de “ocupação”), na minha preguiça de correr atrás, nas tarefas intermináveis de dona de casa e mãe, dos compromissos e agendas, e quando você vê o dia já acabou e tanta coisa ficou faltando da lista pra fazer.
Até que eu me dei conta do tanto que fiz em 2014. Das tantas coisas boas que aconteceram na minha vida neste ano.
Gratidão é um exercício que deve ser feito com consciência. Tá na moda falar de ser agradecido, de ver o lado bom da vida, de ver a metade do copo cheio, né? Mas o fato é que, pelo menos para mim, reconhecer essas coisas boas da vida requer atenção, consciência. Não é uma coisa que vem com facilidade, justamente por ser humana e viver essa eterna insatisfação.
Então, num exercício consciente de observação e gratidão, eu digo que 2014 foi um ano maravilhoso.
Janeiro começou com a companhia dos meus pais. Foi o mês que a Laura começou na patinação artística. Fiz um brunch pras amigas vizinhas brasileiras. Recebemos amigos. Visitamos amigos.
Em fevereiro, fizemos a primeira viagem do ano, um fim-de-semana em Edmonton. Foi quando experimentamos nosso recorde de frio no Canadá, -28 graus. Foi um fim-de-semana abençoado na reunião da nossa igreja. O coração transbordou de amor. Além da viagem, teve date night. Teve neve. Teve caminhada com amiga.
Em março, viajamos pra Alemanha com meus pais. Sem dúvida foi o marco do mês e um dos pontos altos de 2014.
Abril é sempre mês de festa em casa, com dois aniversários, meu e da Laura, que completou 10 anos neste ano. Passeamos num parque perto de casa. (Preciso me lembrar de fazer esses passeios com mais frequência!)
Em maio eu recebi meu diploma do mestrado. Apesar de ter terminado o curso em dezembro, a cerimônia de formatura só foi em maio. Na época eu ainda estava procurando emprego e triste porque parecia demorar tanto, mas não posso deixar de comemorar o fato de ter concluído meu mestrado com sucesso. Em maio também passamos um fim-de-semana muito legal em Seattle, passeando por pontos turísticos da cidade.
Junho já tinha gostinho de férias, ainda mais que as aulas acabaram duas semanas antes do previsto por causa da greve dos professores. Teve apresentação de dança das meninas, competição de patinação, parque, amigos. Fiz entrevistas em duas bibliotecas.
Em julho fomos visitar nossos amigos em Nanaimo. Minha irmã veio passar umas semanas aqui com a gente e curtimos muito o verão! Celebrei 13 anos de casamento com 2 jantares na mesma semana. Finalmente fui contratada numa das bibliotecas onde fiz entrevista e comecei no dia 30 de julho.
Agosto era ainda férias, apesar de eu ter começado a trabalhar. Muito feliz que meu trabalho é flexível! Teve subida na Grouse Mountain, teve Playland e teve a última viagem do ano, em Toronto e Quebec, logo depois do aniversário do marido. Finalmente, depois de 7 anos morando no Canadá, conseguimos visitar o lado leste do país.
Setembro foi estranho. Era pra ter começado as aulas das meninas, mas os professores ainda estavam de greve. Só acabou no fim do mês. Foi um mês de expectativas, mas de pequenas alegrias: caiu o segundo dente da Alice. Minha vó teve uma isquemia no início do mês e ficou em coma.
Em outubro, Alice completou 6 anos. O outono começou de verdade e a cidade ficou toda colorida. Minha vó faleceu. Comecei uma aula de zumba.
Em novembro eu comecei a fazer as receitas do Jamie Oliver. Fez muito frio em Vancouver, mas dias lindos de sol. Tentamos fazer uma trilha no Deep Cove, mas estava ventando muito e fazia muito frio. Valeu pelo passeio de carro pelo menos.
Dezembro tem gostinho de férias. Tudo é contagem regressiva para o recesso de inverno. Laura participou do show de patinação, então meus dias se resumiram a ensaios e preparativos para o show. Ganhei uma câmera nova. Estivemos rodeados de amigos.
É, 2014 foi um ano sensacional! Três viagens grandes, um emprego novo. Muitas risadas, muitos passeios, muitos amigos, muito amor. Claro que teve choro, e ansiedade. Mas faz parte. Se a vida fosse só riso e alegria, a gente não daria valor, não é mesmo?
Nem sei o que esperar de 2015. Prefiro não fazer planos. Que o ano novo nos surpreenda com seus altos e baixos, e que possamos nos satisfazer com as coisas boas, pequenas ou grandes, que nos acontecem diariamente.
Um brinde a um 2015 de satisfação!